FONOLOGIA
Prosódia em constituintes além da palavra
As línguas da América do Sul, em especial as Amazônicas, têm sido descritas como fonte de interessantes fenômenos prosódicos envolvendo tons e nasalidade (Dixon & Aikhenvald 1999, Gomez-Imbert & Kenstowicz 2000, Storto & Demolin 2012, Aikhenvald 2012). Convidamos linguistas que trabalham nessas línguas a apresentar seus resultados sobre fenômenos prosódicos ocorrendo em domínios linguísticos além da palavra. Trabalhos sobre outros tipos de processos fonológicos (como, por exemplo, lenição, elisão vocálica ou epêntese) que ocorram em ambientes prosódicos além da palavra fonológica também serão benvindos.
Primeiramente, é importante distinguir entre três tipos de fenômenos envolvendo o conceito de pitch (que pode ser traduzido como “altura”, tanto do ponto de vista da produção quanto da percepção): acento, acento tonal e tom. Em línguas acentuais, a frequência fundamental pode ser usada para dar saliência a uma sílaba por palavra (e talvez mais que uma, se a língua tiver acento secundário), expressa foneticamente com um pitch mais alto, possivelmente com maior duração e intensidade. Línguas tonais têm uma melodia tonal por sílaba/mora, cuja distribuição é imprevisível dentro da palavra. Línguas de acento tonal têm sistemas mistos. Esta chamada para apresentação de trabalhos encoraja pesquisadores trabalhando em línguas em que o pitch é usado linguisticamente a apresentar os padrões que encontraram envolvendo frequência fundamental em domínios maiores que a palavra – ou seja, frases, orações e/ou sentenças.
Em todos os tipos de língua as curvas de pitch podem ainda ser empregadas para distinguir entre tipos de orações ou sentenças. Estes padrões entoacionais devem ser o tema de apresentações nessa conferência, em especial quando relacionadas a categorias gramaticais como tempo, modo, evidencialidade, tópico e foco.
Estamos conscientes de que a categoria “acento tonal” é tema de debate na linguística (Gomez-Imbert 2001, Hyman no prelo), mas somos da posição de que ela poderia ser mantida, já que ela pode descrever um estágio intermediário na derivação histórica entre sistemas acentuais e tonais. Uma vez que pouco se sabe sobre tonogênese ou perda tonal na Amazônia, se considerarmos que todas as línguas em que uma melodia tonal se associa a cada sílaba em uma palavra são línguas tonais, arriscamos perder a chance de diferenciar entre línguas plenamente tonais e línguas de acento tonal, em que o tom tem um papel secundário. Como o conceito de acento tonal envolve uma sílaba proeminente por palavra, ele pode ser visto como um subtipo de fenômeno de acento, resultando da perda do tom lexical distintivo. Alternativamente, sistemas de acento tonal poderiam ter suas origens em sistemas acentuais, e levar, historicamente, ao surgimento de sistemas tonais. Esta diferenciação pode ser crucial na argumentação sobre a perda de tom ou sua emergência em uma dada família linguística. Famílias linguísticas como Tupi e Tukano, que são formadas por línguas acentuais, tonais e de acento tonal, são exemplos do tipo de mudança linguística que gostaríamos de entender melhor. A maioria das descrições dos fenômenos envolvendo pitch nesse tipo de língua está limitada ao domínio da palavra. Esta chamada para trabalhos encoraja pesquisadores a mostrar o que acontece com esses sistemas em domínios além da palavra fonológica, ou seja, a descrever processos sincrônicos ou diacrônicos de perda tonal ou acentual em unidades fonológicas complexas, como a frase fonológica ou entoacional. Se estes fenômenos pudessem ser colocados em uma perspectiva comparativa mais ampla, teríamos a chance de lidar com a questão de como os sistemas tonais da Amazônia surgiram ou desapareceram.
Estudos de quaisquer outros processos fonológicos que ocorram além do nível da palavra são muito benvindos na conferência porque podem nos ajudar a entender quais são os níveis prosódicos relevantes além da palavra fonológica nas línguas da Amazônia e como eles se relacionam com constituintes sintáticos de vários tipos (Selkirk 1984, Nespor & Vogel 1986).
Instruções para submissão de resumos
Resumos (excl. referências): | entre 200 e 400 palavras |
Formatação (Word e PDF): | Times New Roman 12, espaço simples |
Língua: | Português ou Espanhol ou Inglês |
Prazo de submissão: | 01 de dezembro 2013 |
Notificação de aceitação: | 15 de dezembro 2013 |
O resumo deve ser submetido como anexo anônimo de e-mail, para: O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.
No e-mail encaminhando o resumo deve ser especificado o título da apresentação, além do nome e a instituição do autor.